Estado da Palestina
10 de fevereiro de 2011Na América do Sul, Brasil, Chile e Argentina já declararam reconhecer a Palestina como Estado independente, segundo as fronteiras definidas em 1967. Mais recentemente, Irlanda, França, Portugal, Espanha e Noruega alteraram a posição oficial da representação palestina em seus respectivos países, nomeando o chefe da delegação diplomática como embaixador.
"Tudo isso não passa de um jogo de palavras. O que realmente importa é a definição das fronteiras com Israel e o futuro Estado palestino", diz Avi Primor, ex-embaixador de Israel na UE e na Alemanha, e atual presidente do Conselho Israelense de Relações Internacionais.
Salah Abdel Shafi, que encabeça a delegação palestina na Alemanha desde 2010, diz que "não temos a ilusão de que o reconhecimento mudará fundamentalmente as coisas". Em entrevista à Deutsche Welle, ele falou sobre a expectativa de que a União Europeia (UE) declare publicamente a existência da Palestina como Estado independente.
Segundo Shafi, não há nada, contudo, que assegure quando isso acontecerá. "A certeza que temos é a de que a União Europeia declarou que reconhecerá o Estado palestino no momento adequado. No entanto, acreditamos que os membros da UE irão nos reconhecer", confessa.
Avi Primor, por outro lado, demonstra ceticismo: "Não acho que a União Europeia fará isso, porque o bloco quer permanecer alinhado com os Estados Unidos e, enquanto os Estados Unidos não o fizerem – e eles não podem fazê-lo porque têm uma política diferente –, suponho que a UE não tomará iniciativa própria."
Sobre os ombros norte-americanos
Em seu discurso na Assembléia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2010, Barack Obama havia dito, porém, contar com um novo membro para a próxima reunião, em setembro próximo: o representante de um Estado palestino. "Estamos levando a sério as palavras de Obama", comentou Shafi.
O representante dos palestinos na Alemanha aponta "um forte lobby pró-Israel nos Estados Unidos. Mas, se, no fim das contas, cada vez mais países do mundo reconhecerem o nosso Estado e se fizerem isso não só pela Palestina, mas também por Israel, então acho que os Estados Unidos não poderão se manter contra uma maioria no mundo", analisa o palestino.
Postura de Berlim
Na visão de Shafi, Berlim só reconhecerá a Palestina como Estado autônomo caso a UE determine tal medida de forma coesa entre seus países-membros. "Não achamos que a Alemanha dará algum passo dentro da UE que ameace a relação especial que o país tem com Israel. Pelo contrário, acho que reconhecer o Estado palestino é, no fim, exatamente, uma atitude em prol dos interesses de Israel ", diz ele.
Avi Primor, por sua vez, pontua que "apesar do forte apoio aos palestinos, e do fato de Angela Merkel, na sua última visita a Israel, ter exigido oficial e claramente, pela primeira vez, que Israel negocie com os palestinos, não acho que haverá uma decisão alemã unilateral."
Primor ressaltou ainda o peso histórico da relação entre alemães e israelenses. "A Alemanha é muita cuidadosa quando o assunto é Israel, e também muito consciente de sua responsabilidade frente ao país. Berlim não tomará uma iniciativa sozinha em um assunto que seja controverso para Israel."
Autores: Michael Knigge / Nádia Pontes
Revisão: Soraia Vilela