Seleção alemã busca sua "Bahia" na Rússia
21 de junho de 2018Joachim Löw não parecia um homem sob pressão quando fez um passeio matinal pelo calçadão de Sochi nesta quarta-feira (20/06), antes do primeiro treino da Alemanha na cidade. Foi só mais tarde, quando os irrigadores do campo de treinamento ameaçaram encharcá-lo de água, que o humor do técnico da seleção alemã pareceu se abalar.
Basta uma olhada em Sochi – casa da seleção brasileira na Copa de 2018 – para entender Löw. O sol brilha, e o mar está ali. É quase um mundo de distância para a base alemã no Mundial, a isolada Vatutinki, nos arredores de Moscou. E, de fato, mudança é do que o time precisa.
"Luz e calor são fatores importantes, então é bom estarmos aqui", afirmou o diretor esportivo da seleção alemã, Oliver Bierhoff, na coletiva de imprensa diária.
A esperança é que Sochi seja para a Alemanha em 2018 o que foi o Campo Bahia, seu centro de treinamento na Copa no Brasil, para a equipe de 2014. Na verdade, precisa ser.
A cidade no sudoeste da Rússia foi a base dos alemães na vitória da Copa das Confederações no ano passado. Alguns desses vencedores seguem na equipe atual, e espera-se que uma mudança de cenário possa tirar uma resposta de um time que desesperadamente precisa de uma.
A Alemanha, contudo, não pode depender de um balneário litorâneo para salvar suas esperanças na Copa do Mundo. "Céu azul e praias não podem ter um papel importante. O que importa é o que fazemos em campo", disse Bierhoff.
O que a seleção alemã fez em Moscou no último domingo foi surpreendentemente fraco. A derrota para o México teria envolvido a equipe em discussões acaloradas, embora o diretor esportivo tenha sido rápido em negar que haja qualquer divisão na equipe.
"Gostaria que as críticas fossem um pouco menos pessoais", declarou Thomas Müller. O jogador do Bayern de Munique foi um dos muitos criticadas pelo fraco desempenho contra a seleção mexicana, com Mesut Özil sendo novamente o bode expiatório para a má atuação da equipe.
Olhando de fora, há muitos pontos de interrogação sobre a real qualidade e unidade dessa escalação. Com sete jogadores do Bayern no elenco, Müller foi rápido em contestar a sugestão de que haveria uma panelinha.
"Isso foi confirmado? Você tem uma fonte? Não? Então tá bom", disse o atacante, meio brincando, meio sério, em resposta ao questionamento de um repórter. "Em 2012 nós não tínhamos uma ótima química, mas não é o caso agora."
O que é verdade ou não, no entanto, é difícil dizer agora. A equipe está claramente trabalhando em cima de algumas dificuldades. Müller chegou a admitir, inclusive, que muitos tiveram um certo receio em relação à atual escalação.
"Talvez tenhamos pensado – um pouco imprudentemente – que nosso frescor e desempenho habituais estariam presentes quando o torneio começou. Isso foi um erro de julgamento", afirmou o jogador de 28 anos.
As palavras de Müller, assim como as de Bierhoff, já dizem: a Alemanha não pode supor que um bom desempenho vai simplesmente surgir ou que uma mudança ensolarada de cenário por si só vai acionar a defesa da equipe na Copa do Mundo. Isso tem que vir deles – e tem que vir no sábado. Ou será tarde demais.
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