1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

UE define arquivamento de dados eletrônicos

(rw)2 de dezembro de 2005

Após longo impasse, ministros da Justiça dos 25 países da União Européia chegam a duras penas a um consenso sobre o arquivamento de e-mails e ligações telefônicas, visando, entre outros, o combate ao terrorismo.

https://p.dw.com/p/7YFh
Endereços de remetente e recebedor de mensagens ficarão arquivados

A diretriz aprovada nesta sexta-feira (2/12), em Bruxelas, prevê que números discados e endereços de e-mails devem ficar arquivados entre seis e 24 meses – o período exato será definido por cada um dos 25 países da União Européia (UE).

Países como a Irlanda ou a Polônia, onde a legislação prevê o arquivamento por um período maior, não são obrigados a alterar suas leis. Segundo o ministro britânico do Interior, Charles Clarke, que apresentou a proposta de consenso, três países votaram contra a sugestão: Irlanda, Eslováquia e Eslovênia.

França, Dinamarca e Suécia queriam uma regulamentação mais rígida. Apesar do consenso no conselho de ministros da Justiça, as negociações sobre a diretriz prosseguem. O próximo obstáculo é o Parlamento Europeu, que quer definir quem arca com os custos deste arquivamento. Além disso, pretende limitar a 32 a lista de crimes a serem investigados através dos arquivos.

Atendidas reivindicações alemãs

A ministra alemã da Justiça, Brigitte Zypries, está satisfeita, já que a maioria das reivindicações de Berlim foi aceita no consenso aprovado nesta sexta-feira. A diretriz, que depende ainda de ratificação de todos os países-membros, vem ao encontro da legislação alemã, que já obriga as empresas de telecomunicação a arquivar as informações por três meses. Mesmo assim, o Parlamento alemão também terá de aprovar a diretriz.

A regulamentação prevê o arquivamento apenas das ligações, e não de seu conteúdo. Os atentados terroristas em Madri, no ano passado, haviam sido esclarecidos a partir de tal arquivamento. Também não ficarão registrados os locais de onde foram feitas as ligações com celulares, nem serão consideradas as ligações não completadas, o que vem ao encontro de uma reivindicação da Alemanha, que teme uma intervenção muito grande na vida privada.

Indefinição quanto ao tipo de crime a investigar

Diversos países, entre os quais também a Alemanha, haviam defendido que os dados arquivados fossem usados para um amplo espectro de combate ao crime. O Parlamento Europeu quer limitar esta lista a 32 crimes graves, como o terrorismo, tráfico humano ou de drogas, para os quais podem ser expedidos mandados europeus de prisão.

Mas, na opinião da ministra alemã da Justiça, não está barrada de todo a possibilidade de punir outros tipos de crimes cometidos com ajuda da telecomunicação, como a pornografia e o stalking – a perseguição e o molestamento doentios. A última palavra, neste caso, é de cada país-membro.

O impasse nas negociações durou vários meses. A ministra Zypries e o ministro britânico Clarke estão otimistas de que também no Parlamento Europeu se chegará a um consenso. A primeira leitura no plenário do Parlamento em Bruxelas está prevista para janeiro próximo.