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Direitos humanos

25 de fevereiro de 2010

Na presidência do Conselho da UE, Espanha pede a Cuba para libertar todos os presos políticos, após morte de opositor. Madri alega, entretanto, que manterá diálogo com Havana.

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Zapata Tamayo fazia greve de fome desde dezembroFoto: AP

A morte do dissidente cubano Orlando Zapata Tamayo causa preocupação mundial sobre a situação dos direitos humanos em Cuba. Os Estados Unidos, a União Europeia e diversas organizações internacionais de direitos humanos apelaram ao governo de Cuba para que liberte todos os presos políticos.

O presidente cubano, Raúl Castro, lamentou a morte de Zapata Tamayo, mas culpou os EUA pelo ocorrido. O governo prendeu, segundo fontes da oposição, dezenas de dissidentes no país inteiro, para impedi-los de ir ao funeral, realizado nesta quinta-feira (25/02), sob forte esquema de segurança.

Zapatero lamenta morte, em nome da UE

"A UE lamenta profundamente a morte do opositor de 42 anos", afirmou em Madri o primeiro-ministro espanhol e atual presidente do Conselho da UE, José Luis Rodríguez Zapatero. A retomada do diálogo com Cuba foi escolhida pela Espanha como meta em sua gestão na presidência da União Europeia, apesar dos abusos contra os direitos humanos denunciados no país.

Agora, Zapatero afirmou que o apelo para a libertação dos presos políticos em Cuba é uma "preocupação básica da comunidade internacional".

"O governo dos Estados Unidos lamenta profundamente a morte de Orlando Zapata Tamayo", disse a secretária de Estado, Hillary Clinton. Ela afirmou que espera que a pressão dos EUA sobre Havana possa levar à libertação de todos os presos políticos no país.

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Zapatero lamentou morte de dissidente cubanoFoto: AP

Vanguarda da defesa dos direitos humanos

Em visita a Berlim, o secretário de Estado espanhol para a UE, Diego López Garrido, disse que seu governo está consternado com a morte do dissidente. Em uma entrevista coletiva na capital alemã, sublinhou que a Espanha tem que considerar "como interagir com o governo cubano e como tornar tão positivas quanto possível as relações de um governo com o outro". Entretanto, não é possível "substituir a soberania de Cuba".

O representante espanhol acentuou que a UE deve estar na vanguarda na defesa dos direitos humanos e que, por isso, seu país irá denunciar abusos "em qualquer lugar". "A Espanha tem uma relação especial com Cuba, é claro, por muitas razões. E isso fez com que em certas ocasiões alguns presos políticos tenham sido libertados. Mas não somos o governo de Cuba, não podemos substituí-lo em suas decisões", disse.

Lopez Garrido deixou claro que Madri prefere o diálogo com Cuba., "Como podemos fazê-lo melhor [com Cuba], unilateralmente ou tentando estabelecer uma forma bilateral? Acreditamos que é melhor escolher a opção bilateral", afirmou o secretário de Estado.

Raúl Castro nega culpa

O presidente de Cuba, Raúl Castro, rechaçou as acusações. Ele afirmou que a morte de Zapata foi o resultado das relações do dissidente com os Estados Unidos. "Em Cuba não há tortura", declarou, na presença do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que está visitando Cuba. "Não há torturas, não há execuções. Isso tudo acontece na base de Guantánamo", disse Castro, referindo-se à prisão norte-americana localizada no leste de Cuba.

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Raúl Castro acusa os EUA por morte de opositorFoto: AP

O governo cubano reagiu duramente, para impedir possíveis protestos. De acordo com informações de opositores, entre 30 e 50 dissidentes foram presos ou impedidos de sair de suas casas. Os dissidentes acusam o governo do presidente Raúl Castro de ter, com a medida, procurado impedir a oposição de comparecer ao funeral de Zapata.

Greve de fome começou em dezembro

Zapata Tamayo foi preso em março de 2003, juntamente com 75 dissidentes, e condenado a 18 anos de prisão, por delitos como perturbação da ordem pública e desacato. Ele estava em greve de fome desde 3 de dezembro do ano passado. Na semana passada, Zapata Tamayo foi transferido para uma clínica de Havana, devido a uma piora em seu estado de saúde, onde morreu na terça-feira.

Os líderes de Cuba negam a existência de presos políticos no país, qualificando opositores de espiões e agentes do imperialismo estadunidense. Zapata era tido pelo regime cubano, conforme seu site oficial cubadebate.cu, como um "prisioneiro comum com uma longa lista de antecedentes criminais".

MD/rtrs/dpa
Revisão: Augusto Valente