Antigos combatentes estão sem pensões em Cabo Delgado
30 de setembro de 2021Um total de 9 mil antigos combatentes da luta de libertação de Moçambique estão sem pensões há dois anos nos distritos afetados pelos ataques de grupos armados em Cabo Delgado, no norte do país, anunciou o Governo.
"A guerra é causa de sofrimento dos [antigos] combatentes em Cabo Delgado, que não recebem pensões porque os terroristas destruíram os bancos onde as levantavam mensalmente", disse Carlos Siliya, ministro dos Combatentes.
O governante falava na quinta-feira durante o 12.º conselho coordenador do ministério, em Inhambane, no sul de Moçambique, citado hoje pelos meios locais. Os 9 mil antigos combatentes que estão sem pensões são dos distritos de Palma, Nangade, Muidumbe, Mocímboa da Praia e Macomia, todos afetados pela violência armada naquela província.
Segundo o ministro, além de pensões, os antigos combatentes perderam documentos, bens e cartões bancários durante a fuga na sequência dos ataques, estando alguns "espalhados por várias províncias do país na condição de deslocados".
Transferência para outras províncias
Na ocasião, o Governo avançou que está a trabalhar para que os ex-combatentes recebam as suas pensões nos locais mais próximos de onde vivem agora ou nas províncias para onde se deslocaram. O objetivo é encontrar o quanto antes "uma solução" que lhes permita voltar a receber pensões, disse Carlos Matsinhe, porta-voz do Ministério dos Combatentes.
De acordo com dados avançados pelo ministério, a província de Cabo Delgado alberga cerca de 45 mil antigos combatentes. O conflito armado entre forças militares e insurgentes em Cabo Delgado já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.