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Poder de vida e morte

Eleni Klotsikas (av)26 de dezembro de 2008

O conflito no Cáucaso marcou o ano de 2008. Entre as diversas lições deixadas: as imagens tanto revelam quanto escondem. Pois Ossétia do Sul, Geórgia, Rússia e o Ocidente mostraram e viram apenas o que lhes convinha.

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O que mostram as imagens? O que ocultam?Foto: picture-alliance/ dpa
Georgien Rosenrevolution: Michail Saakaschwili mit einer Rose
Saakashvili ao tomar o poder em 2004: um monstro?Foto: dpa

Na televisão da Geórgia, heróicas imagens de guerra, montadas como um videoclipe e sublinhadas por música, alternavam-se com declarações de amor à pátria emitidas por personalidades nacionais.

Enquanto isso, as emissoras russas difamavam o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili. Um repórter o compara a Hitler. Um trecho de um discurso de Saakashvili, apresentado em preto-e-branco, é repetidamente cortado pela imagem do ditador alemão. Por fim, um psicólogo busca fundamentar a tese cientificamente.

Propaganda em vez de notícias

Inútil procurar um olhar crítico sobre o conflito em qualquer dos dois países. Para jornalistas ocidentais como o correspondente da emissora alemã ARD em Moscou, Stephan Stuchlik, não foi fácil o acesso a informações fidedignas em que pudesse basear seu noticiário. Ele não podia confiar na mídia oficial russa nem na georgiana.

"No momento em que eclodiu o conflito, a mídia dos dois países reagiu com nacionalismo. O que ia ao ar eram peças de propaganda", recorda Stuchlik. Esse fato foi fatídico para a imprensa ocidental na hora de informar de forma imparcial. Segundo o correspondente alemão, o desequilíbrio inicial deveu-se ao fato de Tbilisi ter mais consciência do poder das imagens do que seus oponentes russos.

Os georgianos ofereceram, por exemplo, ônibus para levar os jornalistas à Ossétia do Sul, avisando: "Aqui se passou algo de terrível, aqui estão os parentes, podem perguntar a eles, por favor".

Imagens indeléveis

Kämpfe in Südossetien Flüchtlinge Screenshot
TV russa mostra refugiados sul-ossetianosFoto: picture-alliance /dpa

Contudo, quando Stuchlik, único repórter do Ocidente na Ossétia do Sul, falou com as vítimas e testemunhas também sobre os atos de crueldade do exército georgiano, a percepção pública da guerra alterou-se de um só golpe – também em nível internacional.

A ARD vendeu seus vídeos como material exclusivo às emissoras e agências de notícias ocidentais. Mas Stuchlik sentiu na própria pele o poder das imagens: de início ninguém queria acreditar em sua versão de que também os tanques da Geórgia atacavam há vários dias a capital sul-ossetiana, Tskhinvali.

"Notou-se que esses três dias de noticiário anti-russo – sem contraponto – haviam deixado sua impressão não só entre a população, mas também em meus chefes e na redação de notícias", comenta.

Triângulo de interesses

USA Georgien Demonstration gegen Russland in New York
Protesto em NY contra papel da Rússia na guerraFoto: AP

No entanto, para poder representar de forma jornalisticamente correta a guerra do Cáucaso e também a mal resolvida situação do conflito, não basta revelar quem atirou primeiro, continua o correspondente da ARD. As tensões entre a Ossétia do Sul e a Geórgia datavam já da era soviética. E o papel de Moscou nesse conflito não é isento de interesses próprios.

O fato é que, também através da mídia, Putin e Saakashvili agravaram esse conflito nos últimos anos. Ambos tornaram as televisões de seus países instrumentos do Estado e fizeram fechar as emissoras críticas ao sistema. Só se noticiava sobre as agressões do adversário. A informação verdadeira para a população foi a primeira vítima.