Turquia bloqueia acesso à Wikipedia
29 de abril de 2017As autoridades da Turquia bloquearam neste sábado (29/04) o acesso à enciclopédia online Wikipedia em todos os seus idiomas, alegando considerações legais, mas sem esclarecer os motivos que levaram à medida. "Após uma análise técnica e as considerações legais baseadas na lei 5.651 [que regulamenta os conteúdos e a criminalidade na internet], foi tomada uma medida administrativa para o site wikipedia.org", anunciou a Autoridade de Informação e Comunicação da Turquia (BTK).
De acordo com a lei, a BTK deve solicitar a um tribunal que confirme a proibição de acesso até 24 horas depois de aplicar a medida, mas o bloqueio é efetivo desde a manhã deste sábado e afeta o acesso ao site Wikipedia em todos os idiomas. "A perda de acesso corresponde aos filtros de internet utilizados para censurar o conteúdo no país", assegurou o Turkey Blocks, um grupo que se dedica a monitorar as restrições ao uso da internet na Turquia.
Vários jornais afirmaram que o governo turco pediu que a enciclopédia virtual retirasse artigos que considerava fazer apologia ao terrorismo, mas a Wikipedia se negou a fazê-lo. A Turquia já havia bloqueado no passado o acesso a redes sociais como Twitter e Youtube.
Novas demissões
Em seus primeiros decretos emitidos após o referendo constitucional que dará mais poderes ao presidente, o governo da Turquia decidiu ainda neste sábado demitir 3.939 funcionários, incluindo mais de mil militares e 500 acadêmicos. Os demitidos são acusados de estarem relacionados com a rede do clérigo islâmico Fethullah Gülen, acusado pelo governo de estar por trás do fracassado golpe de Estado do ano passado.
Os decretos determinam também a readmissão de 236 funcionários, enquanto 59 estudantes turcos no exterior foram expulsos dos programas estatais de bolsas de estudos. Os decretos também ordenam o fechamento de 18 fundações, um jornal e 13 empresas de saúde, todos supostamente relacionados com Gülen.
Além disso, foram proibidos os programas de namoro na televisão, o que parece indicar que o governo quer impor uma linha mais conservadora ao entretenimento popular.
AS/efe/ap